Todas as pessoas experimentam periodicamente medo e ansiedade. O medo é uma resposta emocional, física e comportamental a uma ameaça externa imediatamente reconhecível (p. ex., um intruso, um carro descontrolado). Ansiedade é um estado emocional perturbador e desconfortável de nervosismo e preocupação; suas causas são menos claras. A ansiedade está menos ligada com o momento exato da ameaça; ela pode ser antecipatória, antes da ameaça, persistir depois que a ameaça cessou, ou ocorrer sem ameaça identificável. A ansiedade é muitas vezes acompanhada por alterações físicas e comportamentos similares àqueles causados pelo medo.
Algum grau de ansiedade é adaptativo; pode ajudar as pessoas a preparar, praticar e executar algo, de maneira que seu funcionamento seja melhorado, e ajudá-las a ser apropriadamente cautelosas em situações potencialmente perigosas. Entretanto, além de certo limite, a ansiedade causa disfunção e perturbação inadequada. Nesse ponto, ela é desadaptativa, sendo considerada um transtorno.
Causas
As causas dos transtornos de ansiedade não são completamente conhecidas, mas tanto fatores psiquiátricos como médicos gerais estão envolvidos. Muitas pessoas desenvolvem transtornos de ansiedade sem qualquer antecedente desencadeante identificável. A ansiedade pode ser uma resposta a estressores ambientais, tais como o término de um relacionamento importante ou a exposição a um desastre que ameace a vida.
Vários fármacos podem causar ansiedade. Corticoides, cocaína, anfetaminas e cafeína podem causar diretamente ansiedade, enquanto a síndrome de abstinência de álcool, de sedativos e de algumas drogas ilícitas também pode causar ansiedade.
Sintomas
A ansiedade pode surgir subitamente, como no pânico, ou gradualmente ao longo de vários minutos, horas ou dias. A ansiedade pode durar desde poucos segundos até anos, embora a duração prolongada seja mais característica dos transtornos de ansiedade. A ansiedade varia de crises pouco perceptíveis até o pânico intenso. A capacidade de tolerar certo nível de ansiedade varia de pessoa para pessoa.
Os transtornos de ansiedade podem ser tão perturbadores e incapacitantes que podem resultar em depressão. Alternativamente, um transtorno de ansiedade e um transtorno depressivo podem coexistir ou a depressão pode se desenvolver primeiro, com sinais e sintomas de transtorno de ansiedade ocorrendo posteriormente.
Tipos de ansiedade
Existem diferentes tipos de ansiedade devido à complexidade do funcionamento humano e às diversas maneiras como as pessoas podem experimentar e responder ao estresse e à incerteza. Os tipos mais comuns incluem:
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) se manifesta como uma preocupação excessiva e persistente que toma conta da mente, afetando diversos aspectos da vida cotidiana. Imagine uma mente que não dá descanso, constantemente ruminando pensamentos negativos sobre trabalho, saúde, finanças, relacionamentos e qualquer outro aspecto da realidade. Sintomas que marcam o TAG incluem preocupação incessante, tensão e inquietação, irritabilidade, dificuldade de concentração, dificuldade para tomar decisões e problemas de sono.
O TAG se infiltra em todas as áreas da vida: no trabalho, na saúde, nas finanças e nos relacionamentos. No trabalho, a produtividade despenca, a criatividade desaparece e o medo de errar se torna constante. Na saúde, a mente ansiosa alimenta a hipocondria, fazendo com que cada sintoma seja interpretado como sinal de uma doença grave. Nas finanças, o futuro se torna nebuloso, gerando medo do descontrole financeiro e insegurança. Nos relacionamentos, a irritabilidade e a falta de concentração afetam a comunicação, gerando conflitos e distanciamento.
Transtorno do Pânico
O Transtorno do Pânico se manifesta como ondas súbitas e avassaladoras de medo intenso, que tomam conta do corpo e da mente sem aviso prévio. Imagine um terror repentino e incontrolável que te domina por alguns minutos, causando uma série de sintomas físicos desconfortáveis.
Os sintomas físicos de um ataque de pânico podem incluir palpitações, sudorese, tremores, náusea, falta de ar, tontura, dor no peito e sensação de desmaio ou morte. Esses ataques de pânico, geralmente durando entre 5 e 20 minutos, podem acontecer em qualquer lugar e a qualquer momento, sem aviso prévio. Imagine estar no trabalho, dirigindo, fazendo compras ou em qualquer outra situação cotidiana quando, de repente, o terror te invade.
Após um ataque de pânico, a pessoa pode desenvolver um medo persistente de ter novos episódios, o que é chamado de medo do medo. Esse medo pode levar a um comportamento de esquiva, onde a pessoa evita lugares ou situações que acredita poderem desencadear outro ataque. Imagine abrir mão de ir a lugares públicos, evitar dirigir ou até mesmo deixar de realizar atividades que antes eram prazerosas, tudo por medo de ter um novo ataque de pânico.
O Transtorno do Pânico é um transtorno sério, mas com tratamento adequado, é possível controlá-lo e viver uma vida plena. Se você se identifica com esses sintomas, buscar ajuda profissional é fundamental! Um psicólogo ou psiquiatra poderá te auxiliar a compreender o transtorno, desenvolver mecanismos de enfrentamento e, se necessário, te prescrever medicamentos para controlar os sintomas.
Ansiedade Social
A ansiedade social é caracterizado por um medo acentuado e persistente de situações sociais ou de desempenho nas quais o indivíduo se expõe a pessoas desconhecidas ou à possível observação de outros. Esse medo está relacionado ao receio de comportar-se de forma que possa ser avaliada negativamente pelos outros, levando o sujeito a evitar essas situações sociais ou de desempenho temidas, o que pode prejudicar seu funcionamento.
A ansiedade social pode manifestar-se de forma subclínica, com sintomas emocionais, comportamentais e cognitivos típicos, mas com interferência restrita na vida diária, ou de forma clínica, com uma resposta emocional intensa, recorrente e persistente, afetando o comportamento social e causando prejuízos funcionais.
Para quem lida com a ansiedade social, até mesmo atividades simples como falar em público, fazer novas amizades ou comer em público podem ser desafiadoras. O medo do julgamento dos outros pode ser avassalador.
Se você convive com alguém que tem ansiedade social, é importante compreender o desconforto que eles podem sentir em situações sociais. Oferecer apoio e compreensão pode fazer toda a diferença.
Alguns sinais de ansiedade social incluem um medo intenso de situações sociais, preocupação excessiva com o que os outros pensam, evitação de interações sociais e sintomas físicos como suor excessivo, tremores e taquicardia.
Agorafobia
A agorafobia é um transtorno psicológico caracterizado por um medo intenso e persistente de estar em lugares ou situações onde escapar pode ser difícil ou impossível. Esse medo irracional leva a pessoa a evitar diversos ambientes, o que pode ter um impacto significativo em sua vida cotidiana.
Para quem enfrenta a agorafobia, imagine o terror de estar em uma multidão lotada, o coração batendo descompassado e a mente invadida por pensamentos de pânico. Visualize o receio de usar transporte público, o medo de ficar preso em um vagão sem escapatória. E imagine a angústia de frequentar centros comerciais, o medo de se perder ou ter uma crise de pânico em público.
As características marcantes da agorafobia incluem um medo intenso de lugares ou situações específicas, como multidões, espaços abertos, transporte público e centros comerciais. Há uma preocupação constante com a falta de escape ou ajuda em caso de emergência, levando a pessoa a evitar esses lugares. Os sintomas físicos e psicológicos incluem ansiedade, sudorese, tremor, náusea, taquicardia, pensamentos negativos e ataques de pânico, afetando significativamente a vida diária, incluindo relacionamentos, trabalho, estudos e lazer.
Diagnóstico
Há transtorno de ansiedade e merece tratamento se o seguinte se aplicar:
- Outras causas não foram identificadas.
- A ansiedade é muito perturbadora.
- A ansiedade interfere no funcionamento.
- A ansiedade não cessou espontaneamente em poucos dias.
O diagnóstico de um transtorno de ansiedade específico baseia-se em seus sinais e sintomas característicos. Os médicos geralmente utilizam critérios específicos do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition, (DSM-5), que descreve os sintomas específicos e exige a exclusão de outras causas dos sintomas.
Para o transtorno de ansiedade generalizada os critérios diagnósticos são os seguintes:
- Ansiedade e preocupação excessivas, ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses e relacionada a inúmeros eventos ou atividades (p.ex. trabalho e desempenho escolar).
- A preocupação é difícil de controlar.
- A ansiedade e a preocupação estão associados a três (ou mais) dos seguintes sintomas (com pelo menos alguns sintomas estando presente na maioria dos dias nos últimos seis meses): inquietação ou sensação de estar no limite; cansar-se facilmente; dificuldade de concentração; irritabilidade; tensão muscular; distúrbios do sono (dificuldade de iniciar ou manter o sono e sensação sono não satisfatório).
- Os sintomas físicos, preocupação ou ansiedade causam sofrimento clinicamente significante ou incapacidade em atividades sociais, ocupacionais ou outras.
- O transtorno não pode ser atribuído a: uma condição médica geral, uso de substâncias ou outro transtorno
História familiar de transtornos de ansiedade ajuda a fazer o diagnóstico, pois alguns pacientes parecem herdar predisposição para o mesmo transtorno de ansiedade que seus familiares têm, assim como suscetibilidade geral para outros transtornos de ansiedade. Entretanto, alguns pacientes podem adquirir os mesmos transtornos de ansiedade que seus familiares por meio de comportamento aprendido.
Tratamento
- Psicoterapia específica para cada transtorno
- Fármacos (benzodiazepínicos e/ou inibidores da receptação de serotonina, entre outros)
O tratamento varia para os diferentes transtornos de ansiedade, mas, normalmente, envolve uma combinação das duas estratégias acima.